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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Entrevista

O USEINFORMA entrevista  o gerente de Operações da Carris, Marcos Neves Ramos, que conta um pouco da sua trajetória profissional e revela alguns episódios marcantes que serviram de base para sua formação e filosofia de vida.       


Marcos Neves Ramos, Gerente de Operações

UI-Fale da sua história com a Carris!
MN- Fiz o concurso na Carris para cobrador em 1995, e em abril de 1996 fui chamado. Sempre tive uma admiração pelo setor de transporte, pois venho de uma família com raiz profissional nesta área, como meu avô materno, o pai e os tios. Todos, de alguma forma tiveram no decorrer de suas vidas profissionais, o exercício da função de motorista, fosse no ônibus,  táxi ou  caminhão. Serviram de inspiração para mim, pois cresci  observando-os. Fiquei 2 anos exercendo a função de cobrador. Participei durante 6 meses da Escola de Preparação para Motoristas e tive como instrutor, nada mais nada menos que, o Sr. Elói, mais conhecido como CHEFIA, a quem considero uma grande referência e porque não dizer um ícone  no transporte coletivo, pois ele procurava a perfeição de seus alunos. Fui 20º colocado no concurso para motorista, função que exerci durante 2 anos. Logo a seguir fui indicado para a seleção de Monitor por ter uma ficha funcional exemplar dentro dos critérios de avaliação. Lembro que no segundo dia de trabalho como monitor, um colega comentou perante outros:
“ - Pô! Agora estão dando camisa branca para qualquer um?” Eu olhei para ele e respondi: - Olha colega, se estão dando camisa branca eu não sei te dizer, mas eu sei podes adquirir uma...!” Depois desse episódio acabamos nos aproximando mais e temos até hoje uma ótima relação. Passei por todas as funções da fiscalização, comecei como monitor de terminal, depois volante, despachante, supervisor e coordenador, isso em um período de 4 anos. A partir de Dezembro de 2008  assumi o Cargo de Gerente de Operações.
UI– O fato de você ser negro, no cargo de Gerente, influencia no relacionamento com os funcionários?
MN - Mesmo vindo de uma parcela significativamente maior da sociedade, com relação ao poder somos minoria. Na Carris não é diferente pois sempre tive que provar a minha capacidade. Portanto, o fato de ser negro não interfere uma vez que, de minha parte, este relacionamento é sempre norteado para o profissionalismo e respeito com as pessoas.
UI- De que forma isso acontece?
MN-Muitas vezes a tolerância com o comum é muito maior que com  o incomum, e um negro exercendo a função de chefia ou liderança, ainda é incomum.
UI– Na sua opinião existe dívida com os negros pela sociedade num âmbito trabalhista?
MN– A resposta a esta pergunta é sim e não. Se entendermos a dívida no sentido de que a sociedade atual deve reparar um mal que foi feito a raça negra no passado, acredito que não,  pois, não acho justo estigmatiza-la. Mas se a entendermos no sentido moral, de não se permitir que velhos preconceitos e a intolerância do passado continuem a influenciá-la, creio que existe sim uma dívida, e não só com os negros, mas com todos que, de algum modo, sintam-se discriminados ou injustiçados  
UI-  Qual o tamanho desta dívida? Ela é pagável?
MN– Basta olharmos os excluídos e marginalizados e teremos a medida desta dívida. Talvez uma geração futura, com a construção de uma sociedade justa, teremos a quitação dela.
UI– Qual a importância da USECARRIS para os trabalhadores da Carris?
MN -  Ela é fundamental, pois tem um papel social gigantesco de inclusão, para que possamos superar toda essa loucura que é a vida de rodoviário. E nesse aspecto ela é tão importante quanto a Carris. Não dá pra pensar na Carris sem uma Associação de funcionários.

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